sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Escolhi curo/faculdade errada e agora? - Psicologia MSN.com

Olá amigos!
Continuando a sequência de textos que tratam a questão da Orientação Profissional, área da psicologia que auxilia na escolha da faculdade, pós-graduação e condução da carreira, vamos falar hoje a respeito da possibilidade de mudar de rumos, de encontrar outra orientação. Pode ser que você ou alguém que você conheça tenha medo de tomar uma decisão com medo de errar ou tenha percebido que a escolha não foi adequada e tenha receio de admitir. Seja qual for o caso, este texto procura ser uma reflexão sobre o tema.

A escolha da faculdade errada

Quando falo em uma escolha errada, quero dizer quando alguém percebe que não quer continuar no curso. Não estou falando de uma determinada instituição, particular ou federal, que não seja boa. O que quer dizer é, por exemplo, quando uma pessoa escolhe pela faculdade de direito e nota que não tem nenhum interesse pelas leis e pelos Códigos. O erro na escolha significa que outra escolha melhor poderia ser feita.
Diversos estudos apontam que muitos alunos desistem da faculdade que escolheram. A média de desistência é de até 20%. Então imagine: em cada 10 estudantes, 2 não vão terminar o curso. Se pensarmos na concorrência nos vestibulares federais, nos quais muitos alunos não passam por pouquíssimos pontos, vemos que o número é alto. Além disso, para a pessoa que desistiu pode ser muito frustante.

A escolha da profissão errada

A palavra profissão vem do latim professio, que quer dizer professar. Professar, por sua vez, quer dizer ensinar, mas também significa dizer com convicção e, o mais importante, “fazer votos, entrar para uma ordem religiosa”. Digo mais importante para mostrar que a escolha profissão tem íntima relação com a chamada vocação, ou seja, o que fomos chamados para fazer nesta vida.
Antigamente, ao invés de falar em Orientação Profissional os psicólogos diziam Orientação Vocacional. Como há uma forte relação com a religião, vemos que o termo foi substituído, pois falar em vocação nos faz lembrar da vocação religiosa, da tendência e escolha de alguém adentrar uma determinada forma de vida monástica, como ser padre, freira, monge, pastor, rabino, etc.
Ainda que tiremos toda a conotação religiosa da palavra, é necessário ter este pensamento em mente. Não se escolhe uma profissão como se escolhe uma roupa ou uma comida. Temos que ser conscientes de nossas potencialidades e, embora possamos mudar sim de rumo, normalmente a escolha definirá um período de nossa existência. Há não muito tempo atrás, quando alguém escolhia um ofício, era sinal de que iria trabalhar a vida inteira naquela área. Hoje não, o mercado é mais dinâmico, mas de qualquer modo, quando escolhemos vamos passar uns bons anos nos dedicando a nos aperfeiçoarmos. Por isso, em minha opinião, é preciso lembrar o que somos chamados a fazer, ou seja, o que você veio fazer neste mundo?
Este pensamento também nos lembra que podemos ter outras atividades como hobbies, como atividades de lazer, prazer, e que podem até ser fontes de renda. Porém, a profissão como trabalho, tomará uma boa parte do nosso tempo e dos nossos esforços. Muito melhor quando a profissão se enquadra no que Aristóteles chamava de érgon, a tarefa que sabemos fazer e que auxiliará à cidade.
Por exemplo, se eu tenho talento para ser psicólogo, este é o meu érgon, a tarefa que eu faço bem e que será útil para a sociedade. Não adianta eu tentar ter outro érgon, como ser músico (o que seria um sonho pessoal). Não sou talentoso em música. A música pode ser um hobby, uma atividade paralela, mas não será o meu érgon.
Quando alguém escolhe uma profissão errada, uma profissão que não é para o seu tipo de personalidade, isto pode ser uma grande fonte de sofrimento. Imagine fazer uma mesma atividade, 8 horas por dia, 5-6 dias por semana, durante anos! Não é a toa que muitos são estressados, muitos deprimem…

Escolhi a profissão ou faculdade errada! E agora?

O primeiro passo para mudar, como nos alertou Rogers, é aceitar. Se alguém escolhe uma faculdade errada ou uma profissão errada, tem que começar por admitir o fato. Muitos pensam o seguinte: mas eu já estou nessa faculdade há dois, três anos. Como posso desistir? Ou então: estou empregado, recebo um salário bom, como posso mudar totalmente de trabalho?
Bem, tudo depende dos objetivos de cada um. Penso que se quisermos ser felizes temos que encontrar a felicidade também na área profissional. Porém, se o objetivo for ser reconhecido pelos outros, se o objetivo for ganhar dinheiro, se o objetivo for fazer a vontade da família, tudo bem. Pode-se continuar na faculdade, pode-se continuar na profissão.
Mas se o objetivo é encontrar-se, ser feliz, ter paz e tranquilidade, penso que é necessário mudar.
O primeiro passo para mudar é reconhecer que o caminho não foi adequado e, simplesmente, mudar de rumo. De que adianta um diploma pregado na parede? De que adianta ser frustado ou infeliz?
Steve Jobs, o grande empresário que criou a Apple e modificou a tecnologia, uma vez, ao contratar um de seus gerentes perguntou para ele se ele queria continuar vendendo água com açúcar ou queria mudar o mundo. (O gerente trabalhava antes em uma empresa de refrigerantes). Ora, a pergunta dele é a pergunta pela vocação, pela missão. O que você quer fazer? Trabalhar em uma área qualquer ou mudar o mundo? Fazer o que você tem que fazer?
Então, em resumo:
1) Reconheça que você não está feliz na faculdade ou profissão
2) Se você já se formou e gosta da faculdade, mas não da área em que está trabalhando, mude de área
3) Se você não está gostando de nenhuma das áreas disponíveis em seu nicho de mercado, mude totalmente. Neste caso, você pode continuar trabalhando por um tempo (caso precise) e fazer outra faculdade ou curso. Se for possível fazer uma pós-graduação ou especialização e continuar na área, apenas mudar um pouco, seria melhor. Mas caso isto não seja possível, recomece. 4 ou 5 anos pode parecer muito tempo. Mas se pensarmos nos últimos 4 e 5 anos veremos que o tempo voa. Passa extremamente rápido e já poderíamos ter mudado de rumo, talvez, não é mesmo?
4) Caso nenhuma destas alternativas lhe pareça interessante, sugiro a procura de um profissional da psicologia. O objetivo será avaliar quais as outras opções, fazer uma avaliação completa da personalidade e ver qual será o melhor caminho a se seguir.

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